domingo, 18 de março de 2012

[Leia] Poeta homenageia centenário de Luiz Gonzaga.

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O cordelista Paulo de Tarso tem mais de 70 obras publicadas, sendo 10 sobre a vida de Luiz Gonzaga. Em 2010, o autor, que também é historiador, recebeu o Prêmio Mais Cultura Patativa do Assaré, do Ministério da Cultura
FOTO: KID JÚNIOR
Fortaleza. A paixão do poeta tauaense Paulo de Tarso pela literatura de cordel começou quando ele era um menino, ao ler as obras de um tio. À medida que o tempo passava, a vontade de se tornar um cordelista só crescia. Até que um dia, quando ainda fazia o primeiro ano do Ensino Médio, teve sua primeira experiência como cordelista. "Foi algo bem amador, a professora passou um trabalho para ser feito em cordel sobre a dança de São Gonçalo", relembra.

Hoje, o trabalho do poeta de Tauá, como é conhecido Paulo de Tarso, é admirado por diversos leitores. Sua mais recente obra, "O Gonzagão Centenário", foi lançada na última sexta-feira, no Museu da Imagem e do Som (MIS) do Ceará, em Fortaleza. Conta fatos sobre a vida pessoal e profissional de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, que completaria 100 anos em dezembro deste ano se estivesse vivo.

"Para mim, é uma alegria imensa compor obras sobre o pernambucano Luiz Gonzaga. Falar da história dele é falar do Nordeste, de tudo que nossa região tem. Apesar de ter sido um homem que nunca rompeu com a Ditadura Militar, ele sempre mostrou ser uma pessoa crítica em suas músicas, cobrando dos governos melhorias para o povo do Nordeste, além de sempre ter lutado pela paz social. Luiz Gonzaga foi um homem pacificador", destaca Paulo de Tarso, que já escreveu dez cordéis sobre o Rei do Baião.

Pesquisa

Dentre os mais conhecidos estão "O encontro de Patativa com Gonzagão lá no céu" e "Até São Pedro dançou no forró do Gonzagão", em que predomina a ficção. No entanto, a maioria dos cordéis do poeta de Tauá é carregada de fatos reais. Por isso, a pesquisa sobre a vida e obra do Rei do Baião é imprescindível para compor os trabalhos.

Em "O Gonzagão Centenário", por exemplo, há um trecho em que Paulo de Tarso lembra um fato inusitado do começo da carreira de Luiz Gonzaga, na década de 1940, quando o pernambucano tocava na Radio Nacional. Segundo Paulo de Tarso, o Rei do Baião, mesmo sendo proibido pelo diretor artístico da rádio, Floriano Faissal, de se apresentar com trajes típicos do Nordeste, imitando o Lampião, não deixou de tocar suas músicas com roupas sertanejas.

"Começou a se apresentar com vestimentas de couro. Um chapéu bem costurado, para Luiz um tesouro. Um gibão muito enfeitado, valendo mais do que ouro. Daí pra frente, Luiz, com sua obstinação, impôs a sua vontade, representou seu Sertão. E passou a ser chamado Majestade do baião", diz o versos do cordel "O Gonzagão Centenário", ilustrado por Lederly Mendonça, com 32 páginas e estrofes de seis linhas sextilhas.

O cordelista Paulo de Tarso tem mais de 70 cordéis publicados. Em 2010, recebeu o Prêmio Mais Cultura Patativa do Assaré, do Ministério da Cultura (Minc), com o cordel "O Quinze", baseado na obra da escritora cearense Rachel de Queiroz. Ele é formado em História pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e ocupa a cadeira 32 da Academia Tauaense de Letras.

A obra "O Gonzagão Centenário" foi lançada paralela à mostra "Postais do Ceará". O trabalho resgata a memória dos cartões-postais em Fortaleza e também apresenta uma coletânea de fotografias dentro de um conceito mais contemporâneo e artístico, trazendo uma linguagem atual e diversificada, fora do lugar-comum, que caracterizou a produção de postais na Capital nos últimos tempos.
Fonte: Diario do nordeste.

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