domingo, 3 de abril de 2011

Festival lembra 98 anos de nascimento de Luiz Gonzaga

Se fosse vivo, o Rei do Baião faria, hoje, 98 anos. Programação especial em Exu comemorou data
13/12/2010 - 07:24
Com o título "Festival Pernambuco Nação Cultural" foi concluída, ontem, a programação comemorativa aos 98 anos de nascimento de Luiz Gonzaga, o "Rei do Baião", com um calendário de eventos que envolveu teatro, dança, cinema, Desafio Nordestino de Cantadores e shows de Dominguinhos, Elba Ramalho, Flávio Leandro e artistas regionais.

O sanfoneiro do "Riacho da Brígida" nasceu na Fazenda Caiçara, Município de Exu (PE), ao lado da casa da heroína Bárbara de Alencar, no dia 13 de dezembro de 1912, dia de Santa Luzia, daí a origem do seu nome. O sobrenome Nascimento foi sugerido pelo padre que o batizou por ter nascido em dezembro, mês do nascimento de Cristo. Gonzaga morreu na cidade de Recife no dia 2 de agosto de 1989.

Vinte um anos depois da morte de Luiz Gonzaga, o som de sua sanfona está cada vez mais presente nas salas de reboco das casas do sertão e nos mais diversos auditórios e palanques, enchendo de emoção e lirismo plateias de todas as categorias sociais. Em Exu, sua terra natal, o aniversário de Gonzagão foi comemorado com a presença de seus maiores seguidores.

Maratona

Durante os dias do festival, promovido pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), o Município do Sertão do Araripe recebeu uma maratona de shows no Parque Aza Branca.

A programação incluiu apresentações de Elba Ramalho, Dominguinhos e outros artistas regionais. No mesmo parque, foi celebrada uma missa especial em homenagem ao aniversariante. Dentro do festival, foi promovido também o Cine Exu - 1º Festival de Cinema e Vídeo do Sertão do Araripe, que exibiu dez curtas-metragens produzidos e protagonizados pelos moradores da região. Houve ainda espetáculos de teatro e dança seletiva de bandas e o desafio de poetas cantadores.

Ceará e o Rei do Baião

Pernambucano do século, Luiz Gonzaga tinha uma grande ligação com o Ceará, onde recebeu do Grupo Edson Queiroz a Sereia de Ouro. "Foi uma das poucas vezes que eu troquei o gibão de couro por uma paletó branco", relembrava Luiz Gonzaga não se cansava de repetir que sempre teve um cearense em sua vida. Com duas músicas prontas, ele procurou Lauro Maia para colocar as letras, encontrou Humberto Teixeira e, então, nasceram "Pé de Serra" e "Vira e Mexe".

Com o cearense de Iguatu, Humberto Teixeira, conquistou o título de "Rei do Baião". Com Patativa do Assaré cantou "A Triste Partida", apontada por ele como uma das três melhores músicas que ele gravou. Com o compositor José Clementino Padre Vieira, de Várzea Alegre, e Patativa formou a trilogia do jumento, um movimento que teve como objetivo a valorização do jumento.

Padre Cícero

Foi o primeiro artista nacional a cantar o Padre Cícero com a música "Beata Mocinha", gravada em 1952, uma época em que era proibido batizar crianças com o nome de Cícero. Gonzaga, com a sua sensibilidade poética, abriu caminho para outros artistas explorarem o tema.

Autêntico representante da cultura nordestina manteve-se fiel às suas origens mesmo seguindo carreira musical no Sul do Brasil. A cidade do Crato foi o seu referencial maior. O jornalista Huberto Cabral escreveu, que desde criança, Luiz Gonzaga começou a frequentar a feira semanal do Crato, em companhia de seu pai, Severino Januário, e de seus irmãos. Aos 18 anos, embarcou para Fortaleza, pegando o trem no Crato a fim de servir ao Exército, mais precisamente ao 23-BC.

Saudade

Cabral faz um relato saudosista de Luiz Gonzaga, mostrando suas ligações com a "Princesa do Cariri", lembrando que, depois que Gonzagão deixou o Exército e se tornou cantor e sanfoneiro, visitou Exu e realizou show no Crato em 1946 no antigo Cine Rádio. Em outubro do mesmo ano, animou leilões da Festa de São Francisco, em favor da construção da Igreja e do Hospital São Francisco.

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