quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Fase áurea do cinema nacional,o rei do baião vai parar na telona.


hsantos@jornaldacomunidade.com.br  Redação Jornal da Comunidade
Simão, o caolho, primeiro filme brasileiro dirigido por Alberto Cavalcanti, é uma das atrações
Simão, o caolho, primeiro filme brasileiro dirigido por Alberto Cavalcanti, é uma das atrações
O Centro Cultural Banco do Brasil recebe a mostra Retrospectiva Maristela, que traz filmes nacionais produzidos entre 1951 a 1958 pela Companhia Cinematográfica Maristela. Trata-se de um dos estúdios brasileiros mais importantes da época, cujo elenco incluía estrelas como Procópio Ferreira e Tonia Carrero. Além disso, foi responsável por produzir a primeira adaptação de um texto de Nelson Rodrigues.

Serão exibidos na mostra 16 títulos, sendo seis deles com novas cópias em 35mm. A principal característica dessa retrospectiva, de acordo com o curador Rafael de Luna, é a diversidade temática. “São filmes de ficção e documentário, de curta, média e longa-metragens, e de diferentes gêneros”, enumera. “A mostra proporciona ao público um conhecimento mais amplo sobre o passado do nosso cinema e um momento importante da história cultural do país”.

O início
A Companhia surgiu em 1950 a partir do empreendedorismo de Mário Audrá Junior, o Marinho, filho de uma rica família paulistana, do ramo da indústria têxtil, que sonhava em ser um produtor de cinema naqueles anos em que o neorrealismo italiano seduzia as plateias em todo o mundo.

O renomado cineasta Alberto Cavalcanti (1897-1982), que havia alcançado prestígio no cinema francês e inglês, dirigiu seu primeiro filme brasileiro – a comédia política Simão, o caolho – na Companhia Maristela. No ano seguinte, ele filmaria no Nordeste O canto do mar, contando o drama dos retirantes do sertão de Pernambuco que abandonam suas casas para procurar trabalho no sul do país. Cavalcanti também ficou à frente da comédia de costumes Mulher de verdade (1954), sobre uma enfermeira que se passa por solteira, embora casada com dois homens. É uma ironia com a famosa canção de Mário Lago, que dizia: “Amélia é que era mulher de verdade”.

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Diversidade
Outra preciosidade da mostra é Meu destino é pecar (1951), dirigido pelo mexicano Manuel Pelufo, primeira adaptação para o cinema de um folhetim homônimo escrito por Nelson Rodrigues. Destaque também para O comprador de fazendas, adaptação de um conto de Monteiro Lobato, que traz como protagonista o astro Procópio Ferreira. Na trama, um fazendeiro coloca sua propriedade à venda e acaba hospedando um possível comprador, que se diz milionário. Mas o homem, na verdade, é apenas um pintor de paredes. A música tema do filme foi composta e interpretada por Luiz Gonzaga, o rei do baião.

O espectador terá ainda a oportunidade de conferir Presença de Anita, baseado em um conto que, anos depois, chegaria às telas de televisão na forma de minissérie estrelada por Mel Lisboa. Enquanto isso, a comédia Casei-me com um xavante traz o futuro diretor Luis Sérgio Person em um trabalho como ator. O documentário Getúlio, glória e drama de um povo mostra o fascínio que o ex-presidente causava à população, em um filme realizado pouco depois de seu suicídio. Entre outras curiosidades, há Mãos sangrentas, em que Tonia Carrero vive uma prostituta, e Quem matou Anabela?, com produção de Procópio Ferreira e Jaime Costa.

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