domingo, 30 de outubro de 2011

Sanfona, chapéu e gibão, é o retrato desse meu sertão,Luiz Gonzaga


Luiz Gonzaga cantava na região mais desvalorizada do Rio de Janeiro quando certo dia um grupo de cearense o desafiou a deixar de lado as imitações que fazia de Carlos Gardel e outros grandes mitos da época, conclamando-o a incorporar as tradições e a cultura do seu pé de serra das distantes bandas de Exú (PE). Entre esses, encontrava-se o então estudante de direito Armando falcão, que tornou-se Ministro da Justiça quando da Ditadura Militar no Brasil.
O grande "Lua" abraçou a sanfona e entusiasmou a turma ansiosa em ouvir as coisas do sertão, assinalando de vez seu ingresso no mundo artístioco, pois em seguida tirou nota dez do rígido Ary Barrroso em seu programa radiofônico.
Então, pediu à mãe que enviasse de Pernambuco o equipamento que comporia seu figurino e o imortalizaria na história da música popular brasileira.

Vestido a caráter, com chapéu de couro quebrado na testa, em homenagem aos cangaceiros que tanto admirava desde tenra didade, os quais palmilhavam frequentemente as quebradas da chapada do Araripe, bem como cobertro com o gibão carcaterísticos dos vaqueiros que enfrentam os desafios dos espinhos das plantas adaptadas à sequidão do semiárido nordestino, Luiz Gonzaga finalmente conseguia trilhar o caminho natural que Deus lhe destinou, ou seja, imortalizar as coisas de sua terra através de sua indumentária e, principalmente, com a aptidão musical que sua voz gradativamente foi conquistando.

Luiz Gonzaga classificava a sanfona como o mais impooprtante instrumento rural da face da terra, enquanto o chapéu de couro era marca registrada de uma época caracterizada pelas ações ousadas dos bandoleiros das caatingas, dos protagonistas das contendas sangrentas que encharcou de sangue o solo nordestino durante considerável período de história, o qual, embora de trsite lembrança, tornou a região conhecida em razão de ter fomentado capítulo importante da história brasileira.
A coragem de Lampião sempre foi louvada por Luiz Gonzaga, tanto em sua arte como em suas conversas. O anedotário de sua região de oriugem registrou que quando da passagem da coluna sinistra comandada pelo célebre cangaceiro em demanda ao Juazeiro do Padre Cícero, visando efetivar encontro, o qual não ocorreu, com o "Major" Floro Bartholomeu da Costa, para que os cangaceiros fossem incorporados aos Batalhões Patrióticos que tinham a missão de combater os revoltosos da Coluna Miguel Costa-Prestes, Luiz Gonzaga do Nascimento foi incumbido por Januário de verificar se a ameaça ainda se encontrava nas imediações. Ele voltou em toda carreira dizendo que lampião estava por perto, o que era mentira, e que vinha para fazer toda sorte de estragos com o povo que estava escondido no mato. Comenta-se que ele levou uma grande surra do pai devido a brincadeira pouco lisongeira.
O gibão, indispensável nas lidas diárias pelos mais desafiadores caminhos e trilhas tortuosas marcadas pela presença de uma vegetação agressiva, faz do homem do sertão nordestino o único vaqueiro brasileiro que tem a necessidade de se proteger dos perigosos espinhos que causaram e ainda causam graves acidentes para aqueles que trabalham na pecuária do semiárido nordestino.
O gibão simboliza o suor do trabalhador do campo das adustas caatingas, que diariamente sai de casa para tanger o gado e manter a família. Esse homem foi imortalizado na voz de Luiz Gonzaga quando cantou: "Vai boiadeiro que a noite já vem, leva o seu gado e vai pra junto do seu bem!".
Inúmeras canções de autoria de Luiz Gonzaga com seus vários parceiros musicais invocaram a importância do vaqueiro nordestino. A célebre composição por título "A morte do vaqueiro", composta em parceria com Nélson Barbalho, deu ênfase à celebração de missa anual em Serrita (PE) em homenagem a Raimundo Jacó, afamado lidador de gado pernambucano covardemente assassinado.
Não há como negar que a sanfona, o chapéu e o gibão tornaramn-se de fato o retraro do sertão seco e estorricado, cheio de mistérios e desafios, que impõe ao homem a necessidade de decifrá-lo cotidianamente como forma de garantir a sobrevivência em um meio natural hostil marcado pela profusão dos carrascais que tornam o cotidiano uma incógnita que só quem está bem antenado com o ambiente natural é capaz de decifrar. Luiz Gonzaga foi, indubitavelmente, um desses privilegiados, pois com sua arte mostrou ao Brasil as belezas de uma região, desvendando seus mistérios mais insondáveis. 
fonte:jornal girassol.

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