Sanfoneiro de forró faz papel principal em longa de Breno Silveira sobre o Rei do Baião

Rio -  Mais de 5.000 candidatos disputaram o papel principal do filme ‘Gonzaga — de Pai para Filho’, de Breno Silveira. Mas foi o quase desconhecido e estreante Nivaldo Carvalho, um paulistano de 31 anos, que levou, desbancando atores experientes, que já tinham encarnado Luiz Gonzaga no teatro. “É a minha primeira experiência como ator. No início, tive dificuldade, devido à minha timidez, mas a música me ajudou muito, pois também exige tempo e sensibilidade. A minha aparência e o timbre de voz ajudaram igualmente”, revela Nivaldo.
E ele por pouco não participa dos testes: foi no último dia de inscrições para o filme que Daniela, sua mulher, enviou para a produção uma foto da capa de um CD e um vídeo que traziam Nivaldo com trajes à la Gonzagão. Poucas horas depois, ele recebeu um telefonema, convocando-o para um teste no dia seguinte.
Nivaldo em cena no filme ‘Gonzaga — de Pai para Filho’ | Foto: Divulgação
Nivaldo em cena no filme ‘Gonzaga — de Pai para Filho'
“Aluguei um carro e fui para o Rio. Chegando no teste, me caracterizei, toquei uma música e li alguns textos. Eles gostaram, mas disseram que eu não sabia nada de atuação”, diverte-se Nivaldo. “O processo de seleção durou meses. Àquela altura, eu já acreditava que conseguiria o papel”, conta o sanfoneiro e, agora, ator.
O longa, com estreia prevista para outubro, trata, entre outros assuntos, da relação de Gonzagão com seu filho Gonzaguinha. Três atores vão interpretar o Rei do Baião: Nivaldo será o velho Lua dos 30 aos 50 anos, auge da carreira do artista.
Filme vai homenagear dois dos maiores compositores do Brasil | Foto: Divulgação
Filme vai homenagear dois dos maiores 
compositores do Brasil 
Assim como o Rei do Baião, Nivaldo veio de uma família de músicos. Já gravou com a lendária Banda de Pífanos de Caruaru e, desde 2007, investe na carreira solo. Nasceu e vive em São Paulo, mas tem raízes nordestinas: seus pais e avós são de Jaicós, no Piauí, onde ele morou por anos.
Milagre no mausoléu do Rei do Baião
Ainda no período de testes, Chambinho foi visitar a cidade natal de Luiz Gonzaga, Exu, em Pernambuco. Conheceu o museu do Rei do Baião e foi fazer uma oração no túmulo do Gonzagão. “No momento em que entrei no mausoléu, a produção ligou novamente, dessa vez me convocando para conhecer o Breno Silveira. Foi uma choradeira só da minha família”, conta Nivaldo.
Já escolhido como um dos atores principais do longa, ele fez um laboratório digno de sanfoneiros antigos: tocou em locais curiosos como estações de trem, tudo isso para entender as dificuldades que eles enfrentavam.

Além de toda a pesquisa, ele chegou a perder nove quilos para se encaixar no personagem. “O Breno me auxiliou a entrar no personagem, ele acreditou em mim, disse que eu vivi as coisas que o Gonzagão viveu”, afirma Nivaldo.