quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Elba Ramalho faz homenagem de fã e amiga a Luiz Gonzaga em show na capital mineira

Marcelo Lyra Santo Lima/Divulgação
Elba conta que conheceu Gonzagão em show no interior do Nordeste e logo ficaram amigos

Depois de um show e dois discos – Canta Luiz (2002) eElba ao vivo (2003), que também ganhou o formato DVD –, Elba Ramalho não consegue esconder a honra de voltar a homenagear o mestre Luiz Gonzaga (1912–1989). Desta vez no Projeto Compositores BR, na noite desta quinta-feira, 23, no Sesc Palladium. A abertura da noite ficará por conta das acordeonistas Iara de Andrade e Sarah Assis, apresentando versões instrumentais de sucessos de Gonzagão.


Acompanhada de banda formada por acordeom, teclados, guitarra, violão, baixo, bateria e percussão, Elba Ramalho entra para defender a própria origem com os clássicos do Rei do Baião. “Seu Luiz é a alma do nordestino, a essência do folguedo e dos personagens do Nordeste. Está tudo na obra dele”, resume a intérprete paraibana que, ao falar do amigo, diz ver toda a história passar diante dela como em uma tela de cinema.

Clássicos

“Só mestres fazem coisas definitivas como ele”, avalia Elba Ramalho, chamando a atenção para a sofisticaçãoe o requinte melódico e harmônico da obra de Luiz Gonzaga. “Hoje não se cria algo como a abertura de O fole roncou”, afirma a cantora, admitindo que a obra de Gonzagão está prontinha para ser apreciada pelo público. 


Ouça a canção Vira e mexe, de Luiz Gonzaga:

“Homem de parceiros maravilhosos (Humberto Teixeira, Zé Dantas e José Marcolino, entre outros)”, como faz questão de lembrar, Luiz Gonzaga legou clássicos como Assum preto, que, acredita Elba, deixou de ter os olhos furados pelo sertanejo depois da composição. O próprio acauã, pássaro que era visto como porta-voz de má sorte, teve a imagem transformada depois de batizar uma canção de Zé Dantas gravada por Luiz Gonzaga.

“Luiz Gonzaga pegava detalhes para explorar em suas canções”, diz Elba Ramalho, citando Estrada do Canindé, considerada por ela uma das obras-primas do mestre. “Que também fez choros e valsas maravilhosas”, acrescenta a cantora, que gravou, sem saber que era de Gonzagão, Dúvidas, “valsa que meu pai me ensinou quando criança”. 

Elba lembra também que, assim como o Rio de Janeiro legou à MPB nomes como Noel Rosa, Tom Jobim, Martinho da Vila e Chico Buarque; Minas Gerais deu Ari Barroso e o Clube da Esquina, e a Bahia gerou Gilberto Gil e Caetano Veloso, o Nordeste ainda brindou o país com Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Alceu Valença e Lenine, entre outros.

Um paizão

Elba Ramalho que diz nunca ter imaginado se tornar cantora e, muito menos, conhecer Luiz Gonzaga, foi abordada pelo mestre nos anos 1980, em um hotel do interior do Nordeste, onde ambos faziam show. “Ei, loura”, teria dito Gonzagão, que andava muito pelo sertão. “Não achava que ia chegar perto dele e acabamos nos tornando extremamente amigos. Ele chamava eu e Gonzaguinha de filhos”, orgulha-se a cantora paraibana.


Segundo Elba, ao ganhar o filho Luan, precoce de oito meses, em Campina Grande (PB), Gonzagão estava a seu lado, cantando, pegando o menino no colo. “Seu Luiz era um homem muito engraçado, bom e forte. Ele era o nosso paizão”, derrete-se Elba, destacando, ainda, a inteligência do mestre, além de sua voz e a sanfona. Fascinada pelo poder transcendental e universal da música, Elba diz descobrir cada dia mais novidades na obra de Gonzagão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário