segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A cartografia poética de Gonzagão,estar presente na Cultura do Nordeste


Câmara Cascudo escreveu na contracapa de um disco de Luiz Gonzaga: "O sertão é ele". Ninguém duvida. O músico, jornalista e escritor paraense Bené Fonteles reforça a importância do ícone nordestino com o livro "O Rei e o Baião", tido como uma obra definitiva para se entender e conhecer mais o legado do músico que pôs a música nordestina no mapa cultural do Brasil no século XX. Bené virá ao Estado para lançar o livro e participar da mesa "Luiz Gonzaga: Uma Poética Musical", dia 24 de novembro, durante o 4º Festival Literário da Pipa (o evento começa dia 22). Ele dividirá a prosa com Marcos Lopes, criador do Forró da Lua, e o pesquisador pernambucano Paulo Wanderley. A assinatura de Cascudo e outros tantos dados foram relacionados no livro - que para ele, faz parte de um processo que ele conduz desde os anos 70, quando conheceu Gonzagão. Seu livro também inspira o filme "Gonzagão: de pai para filho", que estreia próxima semana. Ao VIVER, ele falou longamente sobre seu ídolo e objeto de estudo.   
ABrBené Fonteles, autor do livro que inspirou o filme Gonzaga, De Pai Para Filho,é uma das atrações do Festival Literário da Pipa
Bené Fonteles, autor do livro que inspirou o filme Gonzaga, De Pai Para Filho


O que você abordará na mesa "Uma poética musical", sobre Luiz Gonzaga, na Flipipa, em novembro?

Desde a importância da lírica nordestina do cordel, aos cultos parceiros de Luiz Gonzaga, como Humberto Teixeira e Zé Dantas, que contribuíram para a construção de uma cartografia poética que abrangia o Nordeste em seus mais ricos costumes e sabedorias, paisagens e ambiências, religiosidade e crendices, situação econômica e política como, talvez, não houve igual na musica popular brasileira. As dezenas de parceiros de Gonzaga deram às suas melodias e recriações musicais um roteiro ou mapa cultural e espiritual do Nordeste que ainda está sendo estudado pelos acadêmicos da área de antropologia e sociologia cultural. Na verdade, em 1947, Gonzaga e Teixeira criam um movimento cultural com uma música manifesto que é "Baião" e trazem do Nordeste para o Sul a música nordestina então desconhecida e uma cultura desprezada que passou a ditar não só uma "dança da moda" mais uma forma de ver e sentir o mundo brasileiro e universal para todo país. Foi num movimento extraordinário, uma "operação inversa" como dizia Sivuca, quando era o Sul que ditava a moda e os ritmos, e ainda dita. A força do arquétipo ou ícone que Gonzaga criou juntando a figura do cangaceiro com o vaqueiro e criando um mixagem cultural única e original, foi o que ficou de forma emblemática. Só Carmem Miranda havia conseguido tal feito com sua baiana estilizada, além do seu talento, carisma e originalidade iguais ao Rei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário