terça-feira, 27 de novembro de 2012

Gonzaga - de pai pra filho o filme que conta a história de Gonzagão e Gonzaguinha


Com justiça, a produção nacional Gonzaga - de pai pra filho está conseguindo se manter várias semanas em cartaz, mesmo encarando a concorrência maciça das superproduções norte-americanas da estação. É uma cinebiografia de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, que também enfoca seu relacionamento tumultuado com o filho igualmente músico Gonzaguinha, uma das principais figuras da MPB nos anos 80.
Entre as primeiras coisas que chamam a atenção no filme, como às vezes acontece nas biografias, é a caracterização impressionante de Júlio Andrade como Gonzaguinha. Você tem que se concentrar o tempo todo para lembrar que se trata de um ator, não o cantor de verdade, que morreu no início dos anos 90. Nivaldo Expedito de Carvalho dá vida a Gonzagão. Há, ainda, participação de Nanda Costa, mocinha da novela das nove Salve Jorge. 
A narração parte do reencontro, já após a fama de Gonzaguinha, do jovem com seu pai. Em meio ao conflito entre os dois, vai sendo contada em flashback a história de Luiz Gonzaga, desde sua infância pobre em Exu, no sertão de Pernambuco, até sua carreira musical, iniciada ainda nos anos 30. Gonzaguinha tem mais presença da metade para o final. 
 Gonzaga - de pai pra filho é o segundo filme a estrear este ano dirigido por Breno Silveira, o cineasta de Dois filhos de Francisco. Em 2012 ele esteve nos cinemas também com À beira do caminho, história de caminhoneiro embalada por músicas de Roberto Carlos. Novamente, dá para notar algumas características do diretor: o gosto pelas histórias ligadas à música (ele foi diretor de documentários musicais), o roteiro competente e bem amarrado, a preferência pelo tom semidocumental. Acima de tudo, chama a atenção sua intenção de retratar o Brasil do interior e das pessoas simples, sem artificialismos nem idealizações.
Como drama, Gonzaga circula em torno de outro tema recorrente nos filmes de Breno Silveira, os relacionamentos entre pais e filhos. Aqui, a arte representa um papel importante. Gonzagão é retratado com dignidade e respeito, mas sem deixar de ser representado, também, como um grande artista que em uma certa medida, ao optar pela própria carreira musical, acabou penalizando, através da ausência, a própria família. Como não podia deixar de ser neste tipo de filme, há momentos emocionantes.
Um último motivo para ir ao cinema é redescobrir a música de Gonzagão. O filme aproveita bem a levada alegre do ritmo nordestino do Rei do Baião, ao mesmo tempo em que resgata para o público dos nossos dias clássicos como Asa Branca e Assum-preto. Música popular, tipicamente brasileira e de qualidade. Que saudades dos Gonzaga. (André Moraes)

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