quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Terra natal de Luiz Gonzaga ainda sofre com a seca

 Mundo em Exu, no Semiárido pernambucano, o moço que, em música, jurou voltar quando o verde dos olhos de Rosinha se espalhasse pela plantação. Mas Deus ainda não ajudou, Rosinha espera até hoje, e a asa branca não retornou. A terra natal de Gonzagão é uma das 122 cidades de Pernambuco castigadas pela pior seca em 40 anos.
Quando viu, em Exu, adultos e crianças com bacias e baldes numa poça de água lamacenta aproveitando cada gota enquanto a chuva não cai, o fotógrafo Severino Silva, que registrou cenas dramáticas da estiagem no Nordeste no início do mês, lembrou imediatamente de sua infância, em Pirpirituba, na Paraíba.
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
No ano em que Gonzagão faria 100 anos, sua cidade ainda sofre com a seca que ele passou a vida cantando
“A gente também pegava água assim. E, lá em Exu, eles ainda disseram que têm sorte porque tem gente que não acha nem água com lama”, lembra. Severino, que tem 51 anos e mora no Rio há 41, não chegou a se surpreender com o que viu em Exu. Mas se entristeceu demais com a percepção de que, embora a miséria hoje seja menor, cenas de sua infância ainda se repetem na região.

O governo de Pernambuco faz o que pode com verba própria e federal. Na cidade do Rei do Baião, por exemplo, tem sorte de verdade quem está cadastrado para receber água dos
carros-pipa, paga pelos dois governos, e o dinheiro do programa Chapéu de Palha, do estado. São R$ 280,00 anuais por família de agricultores na entressafra.

Severino acha que ajuda. Mas o que ele acha, mesmo, é que a presidenta Dilma Rousseff tinha que “olhar com mais carinho” para a terra de Gonzagão, “acompanhar mais o sofrimento deles”.


Quando Severino era menino, o pai de Gonzaguinha já ensinava, em ‘Vozes da Seca’: “Dê
serviço a nosso povo, encha os rio de ‘barrage’.”

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