sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

'Gonzaga fez arte cantada sobre o Sertão', resume Dominguinhos


Dizem que Luiz Gonzaga conseguia enxergar as pessoas que tinham uma estrela. Esse diferencial ele encontrou em José Domingos de Moraes, que, aos 8 anos, tocava triângulo com os irmãos no trio "Os Três Pinguins", em um show para Gonzagão em Garanhuns, no Agreste pernambucano. Esse menino cresceu, hoje tem 71 anos, quase todos vividos em cima de palcos com uma sanfona nos braços, e mais: Dominguinhos ganhou do próprio mestre a alcunha de seu herdeiro artístico.
Dominguinhos (Foto: Luna Markman / G1)Dominguinhos se lembra dos causos que Luiz Gonzaga contava nessa varanda.Blog Sertão9
A benção foi dada quando ele tinha apenas 16 anos. Essa lembrança ainda está marcada no coração do artista, que falou sobre o momento ao G1, sentando em um banco na varanda da casa em que Luiz Gonzaga passou a viver, a partir de 1982, em Exu, no Sertão de Pernambuco. "Gonzaga estava divulgando para a imprensa o disco 'Forró no Escuro', quando ele me apresentou como seu herdeiro artístico aos repórteres. Foi uma surpresa muito grande, não esperava mesmo", relembra.
Quando isso aconteceu, fazia apenas três anos que Dominguinhos tinha chegado no Rio de Janeiro com o pai, o também sanfoneiro Chicão, em busca de Luiz Gonzaga. "Em cinco minutos, ele me deu uma sanfona novinha, sem eu pedir nada", lembra ele. Em 1968, Dominguinhos tocou com Gonzagão, os irmãos Gonzaga e Januário em uma novena para comemorar a chegada da luz elétrica no Araripe.
 

O sanfoneiro já perdeu as contas de quantas vezes esteve na varanda arejada, de piso desenhado, cheia de cadeiras acolchoadas e referências sertanejas. "Esse lugar é muito especial. Aqui, Gonzaga gostava de contar histórias interessantes, de palcos. Podia ter meia dúzia de pessoas que ele fazia um show, tocava sanfona a noite inteira, que também passava de mão em mão. A gente tomava o café de Mundica. Era uma festa, com grandes companheiros", fala, nostálgico.Desde então, não desgrudou mais do velho Lua, saindo em excursão com ele, assumindo o papel de segunda sanfona - e, muitas vezes, de motorista. "A partir dessa época, fiquei muito ligado ao Exu, que é uma cidade ótima, ordeira, só falta chover", brinca. Na verdade, Pernambuco passa pela pior seca dos últimos 40 anos e mais da metade dos municípios estão em estado de alerta, inclusive Exu.

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