Para Bené fonteles, Luiz Gonzaga foi o segundo ícone pop brasileiro, depois de Carmem Miranda
Luiz Gonzaga é tema de um encontro inédito que aconteceu nesta segunda-feira à noite no projeto Sempre um Papo entre três figuras que se envolveram intensamente com o universo do Rei do Baião: o dramaturgo João Falcão, diretordo espetáculo 'Gonzagão, a lenda'; em cartaz em Belo Horizonte; o jornalista Carlos Marcelo, coautor de 'O fole roncou! Uma história do forró' (Ed. Zahar); e o artista plástico, poeta e curador Bené Fonteles, autor de 'O rei e o baião' (Ed. Fundação Athos Bulcão)”, obra que, inclusive, terá 40 exemplares sorteados entre os presentes.
Coordenador das comemorações do centenário de Gonzagão, celebrado em 2012, Bené Fonteles pensava nessa publicação desde os anos 1970 e ficou extremamente satisfeito pelo fato de o livro ter servido como referência para vários estudiosos, músicos, jornalistas e documentaristas, inclusive Breno Silveira, diretor do filme 'Gonzaga – De pai pra filho'. Além de analisar a herança cultural nordestina recriada por Luiz Gonzaga e seus parceiros, suas conquistas e desdobramentos, o livro reúne ensaios do próprio Bené, de Antonio Risério, Elba Ramalho, Gilmar de Carvalho, Hermano Vianna e Sulamita Vieira, com apresentação de Gilberto Gil.
“Eu queria fazer algo imagético com xilogravuras, fotos, imagens. Editorialmente, nunca tinha sido lançado um livro como esse sobre um artista brasileiro. Como ele foi produzido com recursos do Fundo Nacional de Cultura, não pode ser comercializado, e por isso distribuímos para pesquisadores, os herdeiros do Gonzaga, bibliotecas e museus”, explica Fonteles.
Bené Fonteles destaca ainda a importância do Velho Lua e sua influência na cultura brasileira e como ele conseguiu fazer um movimento inverso, que foi o de levar o Nordeste para o Sul do país. “Ele conseguiu penetrar em praticamente todos os lugares. Gonzaga era um homem extremamente inteligente, e um mote para compreender a cultura nordestina. Ele ajudou a criar o segundo ícone pop brasileiro depois de Carmen Miranda, que é aquele personagem do vaqueiro com o qual ficamos tão acostumados”, conclui.
Em voga
Autor de 'O fole roncou! Uma história do forró', em parceria com o também jornalista Rosualdo Rodrigues, Carlos Marcelo (editor-chefe do Estado de Minas) acredita que as comemorações dos 100 anos de Gonzagão despertaram um interesse maior não só em relação a ele, como também a vários artistas nordestinos e que inclusive a nova geração está descobrindo. O livro, que estará à venda no local, reconstitui a trajetória do forró por meio de mais de 80 entrevistas e documentos inéditos, narrando episódios marcantes da vida artística e pessoal não só de Gonzagão como também de Jackson do Pandeiro, Marinês, Dominguinhos, Trio Nordestino, Genival Lacerda e Antônio Barros, entre outros.
Os autores vão dos anos 1930 aos dias atuais e ressaltam ainda a importância de artistas como Elba Ramalho, Alceu Valença e Fagner na continuidade dessa história, desdobrada nos últimos anos com o surgimento do forró eletrônico, no Ceará, e do universitário, em São Paulo. “Vou falar um pouco do que está no livro, e destacar os parceiros e quem conviveu com Gonzagão. Ou seja, abordar essas pessoas que orbitavam em torno do Rei do Baião, que são figuras que merecem ser lembradas e conhecidas. O bacana desse trabalho é que muitos leitores estão me dando retorno e comentando que esse é um pedaço da história que merecia ser contado”, observa Carlos Marcelo.
O outro convidado do bate-papo é o roteirista, dramaturgo e compositor pernambucano João Falcão, responsável pela adaptação e direção do musical 'Gonzagão – A lenda', em cartaz no Teatro Bradesco.
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