O musical “Gonzagão - A Lenda” faz suas últimas apresentações em Campinas neste fim de semana noTeatro Iguatemi, com sessões nos dias 12, 13 e 14 de abril.
Mais habituados a musicais importados da Broadway, o público se surpreendeu na semana passada com o espetáculo de altíssima qualidade, que demonstrou um jeito bem brasileiro de se fazer um musical.
Vencedor do Prêmio Shell de Melhor Música e de Melhor Produção no Prêmio APTR, "Gonzagão" faz um mergulho contemporâneo na trajetória de um grande nome da cultura popular brasileira. Todos os elementos cênicos servem para exaltar o mito. Quem assiste o espetáculo sente a presença e estilo do consagrado diretor João Falcão, que executa um musical brasileiríssimo, tanto pelas canções de Luiz Gonzaga, como pela concepção, numa mistura de teatro contemporâneo com literatura de cordel e contação de histórias.
Os figurinos, criados por Kika Lopes, quebram a estética tradicional com que costumam ser retratadas as histórias do sertão. As peças parecem ter saído das passarelas e são fundamentais na caracterização dos versáteis atores que se multiplicam em muitos papéis para contar a história de Gonzagão.
A direção musical de Alexandre Elias garante versões eletrizantes, em que a percussão, rabeca e violoncelo dão o tom para clássicos como “Sábia”, “Asa Branca” e “Vem morena”, dentre outras conhecidas do público. São mais de 50 canções que estão no espetáculo. No palco, oito atores e uma atriz se revezam nesta viagem musical. No conjunto de quatro excelentes instrumentistas que atuam no palco, há, além do sanfoneiro (Rafael Meninão) e do percussionista (Rick De La Torre), um violoncelista (Daniel Silva) e um rabequeiro e violeiro (Beto Lemos)
Na história do rei do baião, o diretor João Falcão ainda rebatiza duas mulheres importantes da vida do músico, Nazarena (o primeiro grande amor) e Odaléa (a mãe de Gonzaguinha) como Rosinha e Morena, respectivamente, nomes que aparecem em músicas do compositor. E ainda se permitiu criar um encontro que nunca aconteceu: Luiz Gonzaga e Lampião, dois mitos nordestinos. Também há espaço para se falar da originalidade de Gonzaga, um artista que, a partir dos ensinamentos de seu pai, Januário, criou em sua sanfona um gênero, o baião, e o transformou em sucesso e patrimônio nacionais.
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