terça-feira, 30 de abril de 2013

Em 29 de Abril de 1991, morreu o nosso Gonzaguinha filho do Gonzagão



O projeto de preservação da obra de Luiz Gonzaga se tornou uma ambição para Gonzaguinha. Traçou uma série de planos que desejava executar em favor da manutenção do imenso legado deixado pelo pai. Foi ao encontro da madrasta Helena, a fim de recuperar parte do acervo do Rei. Abriu mão de inventário, tomou a frente do compromisso de concluir o Parque Aza Branca e se uniu ao povo de Exu. Utilizou a influência política e artística para viabilizar o tão sonhado projeto. Conseguiu finalizar apenas parte do que desejara. No dia 29 de abril de 1991, um ano e oito meses após a morte do Velho Lua, contudo, a morte interrompe os planos de Luiz Gonzaga Júnior. 


Quem conviveu com Gonzaguinha na época do falecimento do pai, reconhece o trabalho que foi empenhado pelo cantor na valorização da memória de Luiz Gonzaga. "O projeto de Gonzaguinha para o Parque Aza Branca era imenso. O projeto dele era imenso também para Exu. Ele tinha uma visão muito ampla de tudo", afirma Iza Apolinário, amiga e braço-direito do artista carioca. Para ela, a cidade sertaneja sofreu um baque com a morte de Luizinho. "Exu perdeu muito com Luiz Gonzaga. Agora perdeu muito mais com a morte de Gonzaguinha". Até hoje, Iza mantém contato a família Gonzaga. 

Gonzaguinha queria transformar o Parque Aza Branca em ponto de parada obrigatório, uma espécie de corredor cultural que partiria de Juazeiro do Norte à Missa do Vaqueiro, em Serrita. Mobilizou a comunidade para a criação da biblioteca e do Museu Januário, a construção de uma capela, além da reforma do casarão, onde até hoje estão expostos os pertences do pai. Preferiu tocar o projeto sem recursos públicos e patrocínio, apenas com o dinheiro de shows beneficentes, direitos autorais do próprio Gonzaguinha e a ajuda da população, com doações de materiais de construção. Tinha como meta inaugurar a primeira parte do Museu Luiz Gonzaga no dia do aniversário do Rei do Baião, em 1989, ano em que completaria 77 anos. E assim o fez, conseguindo erguer o espaço em apenas quatro meses.

A ideia de Gonzaguinha era dar ao museu status total de independência, desprovido de proprietários. Talvez não soubesse que encontraria tamanho obstáculo. "Gonzaguinha liberou a parte dele do inventário, tia Helena também liberou a parte dela, e só a Rosinha que não estava querendo liberar", lembra Joquinha Gonzaga, sobrinho de Luiz Gonzaga. Em conversa particular, ele revela que o primo manifestou interesse de encontrar uma forma para resolver o impasse. "Em uma reunião que fizemos, Gonzaguinha falou: 'A única dificuldade que tenho é liberar a parte de Rosinha, mas se ela não liberar, nós artistas vamos fazer um show para arrecadar dinheiro e pagar a parte dela. Começou a legalizar a papelada, e o resto vocês já sabem. Nada que ele começou foi assinado. Nada foi feito".

Assim como o pai tanto sonhou, Gonzaguinha também desejava ver Exu arborizado, se desenvolvendo, gerando empregos e funcionando como rota turística. Sugeriu a ideia do tombamento da casa de Bárbara de Alencar. Planos e mais planos. Não tinha pressa. Aprendeu com o "Velho" a respeitar o tempo. O legado deixado pelo pai continua sendo preservado e cultuado. Não concluiu o projeto como queria, mas lutou para que o povo entendesse a importância de Luiz Gonzaga

Nenhum comentário:

Postar um comentário