sexta-feira, 22 de agosto de 2014

25 anos sem o ‘Maluco Beleza’ Raul Seixas

Há 25 anos, uma das vozes mais transgressoras do rock nacional se calava. No dia 21 de agosto de 1989, morria Raul Seixas, o cara que de fã de carteirinha (literalmente) de Elvis Presley, passou a compositor e cantor e desenvolveu um estilo próprio, muito rock’n’roll, mas trazendo elementos da música brasileira em uma mistura original e imortal. Raul construiu uma carreira com composições ecléticas, viajando por estilos distintos em, clichê à parte, uma metamorfose ambulante.
Com postura ousada, Raul fez músicas que ironizavam a ditadura militar no Brasil (acabou torturado e exilado por isso), mergulhou em teorias de Aleister Crowley para apresentar sua “Sociedade Alternativa”, ganhou ares místicos com “Gita”, foi cowboy, carimbador do espaço, e Maluco Beleza em uma obra cheia de referências filosóficas, literárias, psicológicas e cultuada por gerações de fãs. Um quarto de século depois de sua morte, Raulzito segue símbolo do rock brasileiro e sua obra foi reforçada por lançamentos póstumos.
O trabalho de Raul Seixas é composto por 17 discos em um total de 299 obras e 322 fonogramas cadastrados no banco de dados do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) e Raulzito é um dos artistas mais regravados e executados no Brasil. Quem nunca ouviu a famosa frase em shows: “toca Raul!” Para comentar sobre os 25 anos da morte de Raul, o Jornal da Cidade ouviu músicos bauruenses, que falaram sobre a influência da obra e postura do cantor e compositor e do legado que deixou.
“Ele me inspirou, é um ícone do rock’n’roll. Foi buscar no Elvis Presley, se espelhou no blues, rock, para poder fazer esta mistura de estilos. Como a música ‘Let Me Sing, Let Me Sing’, em que ele faz a mistura de ‘Asa Branca’ com um rock do Elvis em inglês. Ele retrata o Nordeste junto com o rock’n’roll. Isso me marcou, esta combinação de estilos musicais. Ele buscou a raiz do rock para criar o estilo dele. Assim como Elvis seria como um negro norte-americano. O Elvis, um branco, nasceu em um bairro negro, pegou aquelas influências do blues. O blues é pai do jazz, avô do rock’n’roll, bisavô do hully gully e tataravô do funk. Uma música do Raul que tem a influência do blues e do funk é ‘Não Pare na Pista’, a quebrada que ela tem é o verdadeiro funk lá dos anos 70, da Motown. É um artista que não tem como comparar, é inigualável, assim como não tem outro Elvis.” - Maestro Luiz Corrêa, músico
“O lado rock’n’roll dele sempre foi uma inspiração para mim. Como mensagem e proposta, uma mensagem de vida, de vivência. Ele tinha muito isso e conseguiu passar para quem o ouvia. A gente sempre assimilou. E musicalmente também, ele é um precursor. Eu ouvi pouco rock brasileiro, mas grande parte era Raul. Como sou músico atuante profissional, tudo que eu toco, tive que ouvir. E Raul tive que ouvir muito. Tem uma frase característica dos lugares onde você vai que é ‘toca Raul’. E não toque para você ver... As pessoas costumam morrer e suas obras tendem a diminuir. Mas o que o Raul deixou continua vivo. O jovem, não sei se por causa dos pais, dos avós, acompanha muito bem o Raul. Por causa desta coisa de vida, não tem um padrão de comportamento humano na obra dele. A obra fala de vida e a vida sempre vai estar atual.” - Norberto Motta, músico

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