quarta-feira, 4 de maio de 2011

Saudade dos Gonzaga


Pai e filho são lembrados no novo disco e DVD da cantora Clara Becker, com repertório que rememora grandes clássicos
 
Alguém lembra de Luiz Gonzaga (1912-1989) e de Gonzaguinha (1945-1991)? Sem dúvida, esses dois grandes nomes da música popular arregimentaram uma legião de fãs e admiradores. Mas, por vezes, fica a sensação de que a lembrança não está à altura do legado de pai e filho. Nesse sentido, o DVD Dois Maior de Grande, de Clara Becker, é um belo resgate.

A intérprete não conheceu pessoalmente nenhum dos dois. Da leitura de Vida do Viajante: a Saga de Luiz Gonzaga, biografia escrita pela francesa Dominique Dreyfus, surgiu a vontade de revisitá-los – o que ocorreu no último CD da cantora, também intitulado Dois Maior de Grande.

– De Luiz Gonzaga, claro, eu conhecia as canções e o sorriso largo. Mas o livro ampliou, expandiu minha visão sobre o Gonzagão. Surgiu a vontade, então, de unir pai e filho num trabalho, já que no final da vida eles estavam tão próximos e até saíram pelo país no show Vida de Viajante – recorda.

O DVD, uma apresentação gravada no Teatro Coliseu (em Santos), aprofunda o resgate iniciado com o CD. Clara queria que os arranjos fossem novos, que trouxessem frescor às composições e privilegiassem também as letras. Para isso, chamou o arranjador Leandro Braga. Utilizando um elemento comum aos dois – o amor à terra Brasil, pelo caboclo, o homem urbano – criou um diálogo através da música. Pai e filho apresentam seu jeito, o modo ser de viver, unindo o Nordeste de Luiz Gonzaga e o Sul-Sudeste de Gonzaguinha.

A identificação com o repertório dos dois é cristalina. Clara destaca a simplicidade com que eles veem o homem, a natureza, e ainda a admira a força, a fé e a sinceridade de suas composições. Quando começou a elaborar o roteiro, imaginou iniciar o show com o Gonzaguinha. Aos poucos, o filho vai chamando o pai para o palco. O resultado é vibrante. À partir da Sanfona de Prata, música que ele fez para o pai, reverenciando o Rei do Baião, começa a cair no repertório do Gonzagão: Estrada de Canindé, Sabiá, para depois os dois conversarem sobre o amor: Assum Preto de um, Sangrando de outro, e por aí vai.



Nenhum comentário:

Postar um comentário