domingo, 28 de outubro de 2012

Veja a certidão de nascimento do baião, no 'Reino Cantado de Gonzaga'



Com direito a certidão de nascimento e tudo, o baião, ritmo criado por Luiz Gonzaga, surgiu no Brasil em outubro de 1946, data do primeiro registro gravado - do grupo 4 Ases e um Coringa. Durante cerca de dez anos, foi o ritmo mais tocado no País e consagrou seu criador como majestade. O baião foi o tema do episódio deste domingo do programa "O Reino Cantado de Luiz Gonzaga", realizado pela Globo Nordeste e pela Luni Produções, para homenagear o centenário do cantor pernambucano, este ano. 
"Baião, xote, forró, arrasta-pé, cada um tem um ritmo específico, você não pode dizer que é tudo forró", resume Dominguinhos, um dos mais famosos seguidores do Rei do Baião. O compositor caruaruense Onildo Almeida, autor de "A feira de Caruaru", sucesso na voz de Gonzaga, relembra aquele momento. "Baseado no violeiro, porque o repique da viola tinha o ritmo do baião, Gonzaga juntou-se com Humberto Teixeira, botou letra e o baião veio a acontecer", explica.
O baião levou Luiz Gonzaga a liderar as vendas de discos. "As prensas da [gravadora] RCA trabalhavam unicamente para Luiz", garante o pesquisador musical Renato Phaelante. Ele defende a voz do Rei do Baião. "Ele é a representação mais autêntica do nordestino na canção popular, até hoje", assegura.
Phaelante continua: "Ele foi muito importante socialmente para o povo nordestino, através da sua música, da sua figura, do seu patriotismo regional. Gonzaga não gostava nem que mudasse o dialeto, a forma de falar do nordestino, nas letras das suas músicas", afirma
Esse sucesso, no entanto, teve um fim: durou até a chegada da bossa nova e do rock aos ouvidos do público brasileiro que, de um dia para o outro, esqueceu o baião. Descontente, Gonzaga disse a Onildo Almeida que ia deixar de cantar e pediu ao compositor uma canção para a despedida. Foi quando Gonzaga gravou "Hora do adeus" que começa com os versos "O meu cabelo já começa prateando, mas a sanfona ainda não desafinou; A minha voz, vocês reparem eu cantando, que é a mesma voz de quando meu reinado começou".
"Gonzaga deu chance a muita gente, com suas parcerias e dando espaço em seus discos. O seu projeto era fazer com que o nordestino aparecesse na história social da música brasileira", afirma Renato Phaelante. A jornalista francesa Dominique Dreyfus, autora de uma biografia sobre o Rei do Baião, é categórica ao afirmar que, junto a Gonzaga, somente Pixinguinha e Antonio Carlos Jobim têm lugar diferenciado na história da música brasileira.

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