sábado, 29 de junho de 2013

No Rio, a Feira de São Cristóvão traz o sabor, o som e as cores do Nordeste

© Haroldo Castro | Rio de Janeiro
Para quem sai ou entra do Rio de Janeiro pelo elevado da Linha Vermelha, a Feira de São Cristóvão é passagem obrigatória. A enorme massa de concreto, em forma de uma elipse, é facilmente reconhecida, com dois chapéus de vaqueiro nordestino nas extremidades.
Tenho passado de carro dezenas de vezes ao lado do pavilhão e, sempre, um lembrete vibra na minha mente, tal um aviso de celular: “faz tempo que não piso neste pedacinho do Nordeste em terras cariocas, preciso voltar aí.”
O imenso pavilhão, inaugurado em 1962, passou por diferentes fases. Na sua primeira encarnação,possuía um teto refrigerado a água. A péssima manutenção e um temporal perverso fez com que o espaço perdesse a cobertura e o centro de exposições foi desativado. O estacionamento ao redor do pavilhão abrigava, por décadas, uma feira que vendia produtos nordestinos. Em 2003, os feirantes foram convidados a ingressar no espaço sem teto e o mercado informal virou atração.
Na entrada do pavilhão, uma estátua de bronze avisa que Luiz Gonzaga está por toda parte. O Rei do Baião dá nome ao local – Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas – e está presente na música, na literatura de cordel ou para atrair a atenção de qualquer visitante.O primeiro choque, ao entrar nesse pequeno campo da cultura nordestina, é o nível do áudio. Diversas lojas oferecem músicas sertanejas e todas competem para seduzir o ouvinte. O ambiente de alegria pode se transformar rapidamente em uma cacofonia geral, onde diferentes ritmos invadem os ouvidos pelos quatro pontos cardeais. Para quem oferece qualquer outro produto e precisa conversar e negociar com o freguês, a barulheira atrapalha. “Eu já me acostumei, mas alguns turistas estrangeiros, não acostumados com uma cultura mais ruidosa, acabam passando menos tempo na Feira por causa do som muito alto”, afirma João Luiz, um vendedor de colchas e redes.

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