sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Cais do Sertão abrirá no dia 13 de Dezembro o novo museu do Gonzagão



A paisagem à beira-mar recortada pelo padrão irregular da galhada seca da vegetação sertaneja - a visão impressionante marca a arquitetura do Cais do Sertão Luiz Gonzaga, que será inaugurado em Recife, no dia 13 de dezembro. A fachada formada por enormes cobogós (tijolos vazados) que reproduzem o padrão dos galhos (ou do chão rachado, ou das rendas), também reflete, de algum modo, o próprio conceito do espaço cultural que, a partir do mítico sanfoneiro, se debruça sobre a cultura do sertão. "A arquitetura foi pensada ao mesmo tempo em que o conteúdo estava sendo produzido. Ou seja, há uma total integração, os espaços permitem que o visitante obtenha o máximo da experiência de estar ali", explica Francisco Fanucci, um dos arquitetos responsáveis pelo projeto, referindo-se ao prédio, que combina uma estrutura de concreto ocre (como o barro) e o branco dos cobogós.


O projeto do Cais do Sertão - apresentado numa entrevista coletiva na terça-feira passada, em São Paulo, com Isa Grinspum Ferraz (curadora e diretora de criação), Marcelo Ferraz e Fanucci (arquitetos), Gilberto Freyre Neto (um dos coordenadores do projeto), Felipe Chaves (secretário executivo de Políticas e Desenvolvimento de Pernambuco) e Ricardo Ribenboim (produtor) - tem o tamanho de sua ambição de retratar a cultura de uma região que está na base da identidade brasileira. Orçado em R$ 97 milhões, ele ocupa 7.500 metros quadrados no porto de Recife.

Não apenas os números, mas os nomes envolvidos dão ideia da dimensão do projeto. Seu conceito foi desenvolvido com a ajuda de um time de consultores especializados formado por nomes como Bené Fonteles (Artes), Antonio Risério (História e Antropologia), José Miguel Wisnik (Literatura) e Tom Zé (Música e Cultura do Sertão). "Cada um preparou o melhor que tinha", conta Isa, curadora também do Museu da Língua Portuguesa. "Tom Zé, por exemplo. Marcamos um encontro, e ele chegou com livros, discos, vitrola e deu verdadeiras aulas. Gravamos tudo e transformamos numa linguagem de museu".

O resultado, pelo que se pode depreender das fotos e das simulações apresentadas, é uma transposição poética do universo sertanejo. Já na entrada, um juazeiro ("a sombra, importante no sertão", explica Isa) receberá o visitante - a árvore foi transposta para lá numa operação delicada. O tour começa no primeiro armazém, com a sala de espetáculo multimídia batizada de "Sertãomundo", com projeção em 220° de um filme sobre a vida do homem sertanejo.

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