Mas o frevo não ficou de fora do repertório. É que dentre os 12 músicos do grupo, um é pernambucano: o trompetista Nailson Simões. Formado no Conservatório de Música, no Recife, e tendo aprendido os macetes do ritmo com o maestro Duda, ele mudou-se para o Rio de Janeiro há 15 anos.
Como professor da UniRio, acabou conhecendo os alunos que mais tarde integrariam o Boitatá. "O grupo é eclético, pesquisador da música. Eles já tocavam frevo quando me convidaram, mas eu ensinei a 'sentir' o frevo, o sotaque pernambucano do ritmo. É uma questão de articulação do som que faz toda a diferença", acredita Nailson.
O Cordão do Boitatá foi criado em 1996, quando os blocos de rua estavam em baixa no Rio de Janeiro. Hoje, cerca de 40 mil foliões acompanham o desfile pelo centro histórico do Rio, no domingo de carnaval. Este ano, ele terá um ponto em comum com o carnaval da cidade: também fará homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga. Além do Rei do Baião, serão lembrados o centenário do ator Mário Lago e os 70 anos de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Paulinho da Viola e Nara Leão.
"Nós recebemos o convite da Prefeitura do Recife durante um evento realizado ano passado sobre o carnaval de rua. É muito bom poder vir aqui e conferir como é a festa, trocar ideias. Estamos em um trabalho de aprimoramento em torno do frevo. Vamos ver se o povo vai vaiar a gente ou não", brincou um dos idealizadores do bloco, Kiko Horta.
Pois não houveram vaias, só aplausos. Quem gostou da presença dos cariocas foi o professor Luiz Manhães. Desde de 2000, ele sai do Rio de Janeiro, onde mora, para brincar o carnaval no Recife. "Só aqui tem maracatu, Naná Vasconcelos. Adoro os blocos líricos, a Noite dos Tambores Silenciosos. Mas gostei muito de encontrar com o Boitatá aqui, pois sempre saio no cordão quando estou lá
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