terça-feira, 23 de abril de 2013

Sobreviventes da seca no Sertão de PE contam sobre outras estiagens



Agricultores, pecuaristas e vendedores do Sertão pernambucano são testemunhas de que a seca destes últimos anos na região Nordeste já ficou na história. Não é primeira vez que o sertanejo sofre muito com a estiagem; entra ano, sai ano, a cena se repete. “Na idade que eu tenho, nunca tinha visto uma dessa, não”, diz o agricultor e criador de animais José Alvez Siqueira de Góes. “Em 93 foi seco, mas não desse jeito. A gente tinha palma, tinha bagaço de capim e agora não tem nada”, confirma o senhor. José Bezerra também tem lembranças de outras secas. Já com idade avançada, aos 80 anos, ele se recorda do que contam os mais antigos que ele: “Meu pai dizia que tinha visto uma seca em 1932, mas os povos mais velhos dizem que a de 32 não foi desse jeito, não”.
A maior seca de que se tem notícia é a de 1877. De lá para cá, outras também tiveram destaque. Na década de 1980, o repórter Francisco José mostrou pessoas que caçavam camaleão para comer e mostrou as viúvas da seca. Na frente de um serviço do Programa de Emergência, ele conheceu Iraci da Conceição, sozinha em casa com os dez filhos depois que o marido precisou tentar a vida em outro lugar do país. Ela trabalhava para construir açudes e tornou-se um símbolo da miséria no Nordeste.
Nos dias de hoje, trinta anos depois, os repórteres Mônica Silveira e Augusto César foram até o interior do estado e encontraram Iraci morando com o marido no sítio Pedra Preta, no município de Santa Filomena, no Sertão. Aos 70 anos ela é séria, sofrida, venceu a seca e permitiu que oito dos dez filhos deixassem a cidade para tentar a vida em outro lugar e sobreviver.

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