SERTÃO NORDESTINO. “Perto de muita água, tudo é feliz”. A frase é de Guimarães Rosa, em sua mais célebre obra, “Grande Sertão Veredas”. Lançado em 1956, o livro de literatura pós-modernista parece mais atual do que nunca quando colocado em paralelo com a seca prolongada vivida pelos nordestinos sertanejos. Há quase três anos, dizem eles, não chove de verdade na região. A secura da paisagem se revela em mais de 60 rios, contados pela reportagem durante a expedição ao sertão, que simplesmente deixaram de existir nos últimos tempos. Sobreviventes. Em Floresta, no interior de Pernambuco, um paradoxo chama a atenção. Ponto de partida do eixo Leste da transposição, a cidade está próxima ao rio São Francisco. Ainda assim, 10 mil agricultores apenas sobrevivem, com histórias que parecem se repetir. Joões, manoéis, severinos, marias, pedros e tantos outros tentam, há anos, colher algo na terra seca. Mas os esforços têm sido em vão. Drama. Estima-se que mais de 12 milhões de pessoas sintam os efeitos da seca no Nordeste. Os problemas se espalham pelo interior de rigorosamente todos os nove Estados que compõem a região. Prejuízos. O Conselho Nacional de Pecuária de Corte calcula que o Nordeste já tenha perdido 1 milhão de cabeças de gado nesta última estiagem, que já dura dois anos e meio. Metade morreu, e a outra metade foi abatida antes da hora ou mandada para outras regiões. Desvalorização. Com os animais magros, um boi que valeria R$ 1.500 chega a ser negociado por R$ 100 na região.
Nenhum comentário:
Postar um comentário